domingo, 19 de janeiro de 2014

A Alma TrocadaA Alma Trocada by Rosa Lobato de Faria
My rating: 2 of 5 stars

Muito pouco, neste livro, me interessou. E as premissas iniciais até eram interessantes: Teófilo de Deus é concebido no mesmo dia em que o seu avô morre e suspeita que a sua alma não é sua, que lha trocaram, suspeita que se acentua quando é publicado um livro exatamente igual ao que ele escreveu (recordo-me de um outro caso de "almas trocadas" e de escrita "paralela", mais interessante, que é o livro de João Aguiar, Navegador Solitário).

Trata-se de um texto escrito como um policial ("quem é que me trocou a alma?") mas quando o mistério é finalmente desvendado e o criminoso castigado, o livro prossegue, agora em estilo de romance (ou literatura de viagens?) com uma ida a Paris que aparece do nada e que não leva a nada, logo seguida de um final apressado que faz lembrar o último episódio de uma telenovela, acelerando o enredo e desvendando o futuro dos personagens.

Também caído do céu é o capítulo dedicado a Beto, como se fosse pecado não mencionar a Sida num livro onde a homossexualidade é, supostamente, um dos temas principais. No entanto, apesar do narrador ser homossexual, acabou por me ocorrer que o enredo funcionaria igualmente (ou talvez melhor) se em vez de termos o gay Téo como narrador, tivéssemos uma mulher...

Também fiquei dececionado com o tom, por vezes lamecha, da prosa que é quase poesia ("um rasgão no peito, uma saudade de mim", ou o recorrente, "miligrã, oxálida, genciana,..."), o excesso de adjetivação e os personagens esterotipados (a noiva despeitada, o namorado bonzinho, a mãe muito tia, os pais homófobos, a avó compreensiva, o empregado muito sexy) e sem profundidade. Algumas passagens iniciais são verdadeiramente deliciosas ("o avô morreu do 25 de abril, teve uma pataleta e ficou dismininguido"), mas os diálogos são, genericamente, pouco credíveis (por ex. a leitura do testamento ou os telefonemas da Maria).

É como se o livro tivesse sido escrito à pressa, sem investimento nos detalhes, com pouco trabalho de edição, como que apenas para marcar presença e cumprir compromissos.


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