sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Inside a Pearl: My Years in Paris by Edmund White

Inside a Pearl: My Years in ParisInside a Pearl: My Years in Paris by Edmund White

Just out of the press! I'm a fan of Edmund White and will download it soon :D

Edmund White was forty-three years old when he moved to Paris in 1983. He spoke no French and knew just two people in the entire city, but soon discovered the anxieties and pleasures of mastering a new culture. White fell passionately in love with Paris, its beauty in the half-light and eternal mists; its serenity compared with the New York he had known. 

Intoxicated and intellectually stimulated by its culture, he became the definitive biographer of Jean Genet, wrote lives of Marcel Proust and Arthur Rimbaud, and became a recipient of the French Order of Arts and Letters. Frequent trips across the Channel to literary parties in London begot friendships with Julian Barnes, Alan Hollinghurst, Martin Amis and many others. When he left, fifteen years later, to return to the US, he was fluent enough to broadcast on French radio and TV, and as a journalist had made the acquaintance of everyone from Yves St Laurent to Catherine Deneuve to Michel Foucault. He'd also developed a close friendship with an older woman, Marie-Claude, through whom he’d come to a deeper understanding of French life.

Inside a Pearl vividly recalls those fertile years, and offers a brilliant examination of a city and a culture eternally imbued with an aura of enchantment.

View all my reviews

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Loucura... by Mário de Sá-Carneiro

Loucura...Loucura... by Mário de Sá-Carneiro
My rating: 4 of 5 stars

O narrador propõe-se contar a história de Francisco, um grande artista, recentemente falecido, mas muito bizarro. Eram amigos de infância, mas não podiam ser mais diferentes: "eu olhava com especial embirração para o rosto branco e cor-de-rosa, para a cabeleira loura e anelada desse rapazinho de enormes olhos azuis, que me lembrava uma miss inglesa. Ele, por seu lado (...) nutrira por mim uma secreta antipatia. Incomodavam-nos as minhas feições másculas, a minha cor trigueira, os meus cabelos negros e lisos; numa palavra, toda a minha figura era a antítese da sua."
Raul tinha ideias estranhas e em relação às mulheres, à família, à poesia, ao tempo, à vida... saía da norma, era esquisito, meio louco. Mas que é a loucura? "«Na terra dos cegos, quem tem um olho é rei», diz o adágio; na terra dos doidos, quem tem juízo, é doido, concluo eu." Quando Raul se apaixona por Marcela, a sua vida e as suas ideias alteram-se, mas o seu raciocínio enviesado levará lentamente à tristeza e depressão e a um final fatal.

Um conto de muito bem escrito, com uma estrutura relativamente simples, embora com cenas muito belas, mas bastante ousadas para a moralidade da época. A transição lenta, mas inexorável, da altivez da diferença para a depressão dos becos sem saída em que Raul se vê enclausurado pelos seus raciocínios invulgares, é o fulcro desta obra e é feita com grande mestria pela mão de Mário de Sá-Carneiro.

View all my reviews

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A porta ao lado by Guilherme de Melo

A porta ao ladoA porta ao lado by Guilherme de Melo
My rating: 3 of 5 stars

Marta apaixona-se pelo seu colega Gustavo, mas este é mobilizado para a Guerra Colonial em Moçambique. Os dois vivem intensamente um período curto de férias de Gustavo na Metrópole, e Marta engravida, mas decide abortar sem dizer nada ao namorado. Acontece o 25 de Abril, é negociada a paz com a Frelimo e Gustavo está de regresso depois de entregar o quartel às tropas do novo país. Nas picadas, em direção a Lourenço Marques, param a Chaimite para verter águas e Gustavo pisa uma mina e morre. Marta fica destroçada e arrependida por ter abortado! Dois anos depois, regressa à casa tradicional da família, em Castelo Branco, com um filho nos braços. Teima em chamar-lhe Gustavo, não quer dizer nada sobre o pai da criança, mas afirma que é como se fosse o filho do seu único amor. Gustavo (Guto para a mãe, para a avó e para a criada Mira) cresce no seio desta mentira, sem saber de nada, mas pressentindo algo...

Tal como em Ainda Havia Sol (1984), Guilherme de Melo utiliza uma estrutura com dois narradores (os dois personagens principais, Marta e Guto) discursando na primeira pessoa, em capítulos alternados. Tal como no romance de 1984, pelo número reduzido de personagens e pela simplicidade da estrutura narrativa (o próprio enredo é também um pouco previsível e por vezes pouco credível), esta obra assemelha-se mais a um conto grande do que a um romance. Mas ao contrário de Ainda Havia Sol, este romance parece ser mais coerente, mais uno, mais maduro (o romance de 1984 sugere experimentação literária), embora o final seja algo surpreendente, sobretudo para um autor homossexual: "(...) é falso que se não possa viver com a mentira. A questão não reside em ser, ou não, possível; a questão está em aprender, ou não, a viver com ela."

View all my reviews

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Instantâneos: fragmentos da memória by Margarida Leitão

Instantâneos: fragmentos da memóriaInstantâneos: fragmentos da memória by Margarida Leitão
My rating: 4 of 5 stars

Uma coletânea de pequenos contos, captando instantes fugazes no tempo, pequenas situações da vida diária, recordações da infância e hesitações da velhice, quase que evocando as fotografias instantâneas que se tiram e fixam aquela expressão inesperada de felicidade ou aquele momento especial de emoção! Contado num tom quase pessoal, intimista, narrado muitas vezes na primeira pessoa, Instantâneos envolve-nos em cheiros, imagens e situações familiares e faz-nos sentir, por vezes, espectadores da vida alheia, espiando o que se passa numa rua, espreitando para dentro do café da aldeia ou ouvindo à esquina uma conversa de namorados, mas sempre revelando uma sensibilidade e um calor humanos que não podem deixar de emocionar o leitor.

View all my reviews

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A Sombra de Foucault by Patricia Duncker

A Sombra de Foucault (Colecção Gradiva #47)A Sombra de Foucault by Patricia Duncker
My rating: 5 of 5 stars

Que acontece quando um autor admira tanto um dos seus leitores que se apaixona por ele e passa a escrever apenas por causa dele e para ele? Que acontece a esse autor quando o seu leitor morre antes de tempo deixando-o à beira da loucura? E quando um jovem académico estudioso da obra do autor sem leitor que entretanto desapareceu e pode ter morrido se enamora de uma colega germanista que o incita misteriosamente a procurar o desaparecido? O encontro será explosivo e irá despertar sentimentos tumultuosos e contraditórios tanto no autor que encontra o seu novo leitor como no académico que se apaixona irremediavelmente pelo seu mito...

A Sombra de Foucault é um livro assombroso! Gostei da ficção sobre uma ficção, das reflexões sobre autores, livros e leitores, da narração na primeira pessoa, dos personagens (a fragilidade do narrador, a racionalidade da germanista, a loucura inteligente do autor, Paul Michel, e mesmo dos personagens menores, como o pai da germanista, um banqueiro gay, e o seu namorado, a enfermeira-dragão da portaria do hospital, etc.), do estilo de escrita seco e sucinto, do enredo, que consegue ter um pouco de policial, mas sem abusar, e até do final surpreendente, inesperado e fatal. Este livro entrou facilmente para a lista dos meus favoritos e fez-me fã da autora.

View all my reviews

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

As Mãos e os Frutos / Os Amantes sem Dinheiro by Eugénio de Andrade

As Mãos e os Frutos / Os Amantes sem DinheiroAs Mãos e os Frutos / Os Amantes sem Dinheiro by Eugénio de Andrade
My rating: 3 of 5 stars

Quando terminei a leitura, escandalizei uns amigos ao dizer que deste livro de poesias de Eugénio de Andrade só gostara mesmo de meia dúzia de versos. Gosto apenas da que consigo compreender, quando há uma emoção, uma paisagem bela, um momento, uma imagem que o poeta consegue fixar com a brevidade, a elegância e a musicalidade de um verso. Por exemplo, deste livro gostei de "...gravemente, comedidas, / param as fontes a beber-te a face" ou do poema "Green God" ("Andava como quem passa / sem ter tempo de parar"). Enfim, sei que o problema deve ser meu, porque os meus amigos dizem-me que a poesia não é para se compreender, é para nos deixarmos embalar, por vezes apenas pela musicalidade e pelo ritmo dos versos, por vezes apenas por um encadeado de palavras... com o passar dos anos e a teimosia de ler poesia, espero conseguir "melhorar" desta minha "insensibilidade poética"...

View all my reviews

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Pee-Shy by Frank Spinelli

Pee-Shy by Frank Spinelli
[I've read the sample: seems to be a very interesting, well written accounts of personal experiences; marked it to read]

In his stunningly honest and poignant memoir, Frank Spinelli recounts a childhood marked by trauma and of finding the courage that ultimately transformed his life...Frank Spinelli grew up on Staten Island in the 1970s to Italian-born parents who viewed cops and priests as second only to the Pope in infallibility. His mother, concerned that her son was being bullied at school for being "different," signed Frank up for Boy Scouts when he turned eleven. For the next two years, Frank's life had two realities--one lived in full view of his family, and the other a secret he shared with his Scoutmaster that he couldn't confess to anybody. 
Eventually Frank went to college, established a thriving medical practice, and found a home in Manhattan. But the emotional and physical effects of his past continued to shadow every aspect of his life. Then a shocking discovery gave Frank the opportunity to overturn thirty years of confusion and self-blame--for himself, and for other boys like him. 
Pee-Shy is a remarkable story of overcoming the unimaginable to choose resilience over darkness, and love over loss. 
"A devastatingly heartbreaking look at life after childhood abuse, with wit and piercing insight that can only come from a place of brutal honesty." --Josh Kilmer-Purcell 
"This is a memoir about a grown-up boy's generous--and healing--heart."--Kevin Sessums 
"This is one of those horrific, true stories that Dr. Spinelli so courageously reveals. With raw honesty he makes us understand that monsters do exist and a child's innocence is precious. His story is one of too many, but maybe, this one will help open our eyes a little more and shine a light on a taboo subject that many chose not to see or believe." --Whoopi Goldberg

Raising My Rainbow by Lori Duron

Raising My Rainbow by Lori Duron
[I've read the sample: seems to be a very interesting, well written accounts of personal experiences; marked it to read]

Raising My Rainbow is Lori Duron’s frank, heartfelt, and brutally funny account of her and her family's adventures of distress and happiness raising a gender-creative son. Whereas her older son, Chase, is a Lego-loving, sports-playing boy's boy, her younger son, C.J., would much rather twirl around in a pink sparkly tutu, with a Disney Princess in each hand while singing Lady Gaga's "Paparazzi."
C.J. is gender variant or gender nonconforming, whichever you prefer. Whatever the term, Lori has a boy who likes girl stuff—really likes girl stuff. He floats on the gender-variation spectrum from super-macho-masculine on the left all the way to super-girly-feminine on the right. He's not all pink and not all blue. He's a muddled mess or a rainbow creation. Lori and her family choose to see the rainbow.
Written in Lori's uniquely witty and warm voice and launched by her incredibly popular blog of the same name, Raising My Rainbow is the unforgettable story of her wonderful family as they navigate the often challenging but never dull privilege of raising a slightly effeminate, possibly gay, totally fabulous son.

Cidade Proibida by Eduardo Pitta

Cidade ProibidaCidade Proibida by Eduardo Pitta
My rating: 3 of 5 stars

Eduardo Pitta narra os amores impossíveis de Martim, um jovem, filho de família burguesa da Linha do Estoril, por Rupert, um inglês expatriado em Lisboa, oriundo de uma família disfuncional de classe média, convocando para o seu romance um vasto conjunto de personagens que se movimentam pelos cenários de Lisboa, Londres, Estoril, Oxford, Lourenço Marques, África do Sul e Rio de Janeiro, nos tempos do primeiro primeiro-ministro engenheiro, mas com digressões ao passado, ao Estado Novo salazarento, ao Moçambique pré e pós-colonial, à Washington de Lyndon B. Jonhson, à Grã-Bretanha de Tatcher e do IRA, entre outros.

Apesar de ser educadamente, polidamente, mesmo amavelmente, recebido na “cidade proibida” da burguesia lusa em que se movimenta Martim, Rupert nunca deixa de ser considerado um outsider, um corpo estranho. (Num pormenor delicioso, Rupert interroga-se se Vasco Ravara – um amigo de Martim com quem passara uma noite tórrida numa orgia anónima em Marylebone – nunca menciona que já o conhecia por esquecimento ou timidez. Nem uma coisa nem outra! Eduardo Pitta, num “detalhe” magistral, deixado cair como que por acaso já nas últimas páginas do livro, revela-nos que Vasco se lembrava muito bem de Rupert, porque avisara Martim acerca do gangbang de Marylebone logo que soubera que o amigo se estava a apaixonar pelo inglês…).

Quando Rupert descobre que o seu tio Mark, a sua grande (única?) paixão – que ocupou o lugar do seu pai quando este abandonou a família e que se envolveu sexualmente com a cunhada mas também com o sobrinho – está doente com SIDA e vai morrer muito em breve, o choque é tremendo e Rupert, caindo em si, desiste de Martim e da hipocrisia da “cidade proibida” em que vivem a família e os amigos do namorado.

No seu estilo pessoal muito culto e cosmopolita, mas sempre frontal e corajoso, muito rápido e sucinto (por vezes, quase telegráfico), a criatividade de Eduardo Pitta consegue oferecer-nos, num texto de cerca de cem páginas, material que daria para um romance de muitas centenas de páginas ou para uma boa dúzia de contos interessantes. Apesar de ser omnipresente (dez, ou mais, personagens são homossexuais ou bissexuais), a homossexualidade não é o foco da narrativa, que trata, sobretudo, da desvalorização de um círculo social fechado e restrito a que se deseja pertencer, mas onde é difícil entrar e ser-se aceite.


View all my reviews