quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Viagens by Paul Bowles

ViagensViagens by Paul Bowles
My rating: 5 of 5 stars

Fico surpreendido sempre que leio sobre Bowles e reparo, como se fosse a primeira vez, que Bowles nasceu em Nova Iorque, que era americano. Sempre me parece que Bowles é um dos derradeiros súbditos do império britânico em decadência. A subtileza e erudição do pensamento, a abertura de espírito, a curiosidade, a ironia e o humor discretos, o comportamento contido, sem sentimentalismo, um certo sentimento de classe e o sentir que o mundo é a sua casa, tudo faz dele, para mim, um típico viajante britânico, a par de outros grandes viajantes britânicos do século XX, como E.M. Forster, Jan Morris ou Robert Byron.

"Viagens" é uma coletânea das crónicas sobre os lugares e as pessoas que Bowles foi visitando e conhecendo ao longo da sua vida. Escreveu-as para revistas de viagens e jornais, bem como para introduções ou prefácios a livros de fotografias. As suas crónicas não têm um tema agregador nem uma linha de argumentação específica - não foram escritas para serem publicadas em conjunto - mas não surgem desconexas: o cimento que as agrega é personalidade de Bowles, a fluência, articulação e elegância da sua escrita. Mais do que crónicas, lêem-se como contos ou pequenos romances.

Porque estão organizadas cronologicamente, à medida que a leitura das crónicas progride vamos sendo inundados pelo sentimento de que certos paraísos se perderam definitivamente. Os encantos e mistérios de Marrocos, a Tânger dos tempos do estatuto internacional, a cultura berbere sendo diluída pela árabe, a música e os instrumentos tradicionais do Rife, o isolamento do deserto do Saara, uma ilha perdida no Ceilão, tudo parece esboroar-se inexoravelmente de crónica para crónica. Mas esta melancolia que se desprende das linhas de Bowles não é deprimente, sentimentalista ou conservadora. Parece-se mais com aquele sentimento morno e bom com que nos recordamos dos melhores anos da nossa juventude. E é esse sentimento morno e bom que resta depois de terminada a leitura destas "Viagens".

View all my reviews

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Auto-retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo by Haruki Murakami

Auto-retrato do Escritor Enquanto Corredor de FundoAuto-retrato do Escritor Enquanto Corredor de Fundo by Haruki Murakami
My rating: 4 of 5 stars

Murakami aproveita a sua paixão pela corrida para nos falar francamente de si, sobre como decidiu ser romancista, sobre como, quando começou a escrever a sério, compreendeu que tinha de correr a sério, e de como escrever e correr estão tão interligados entre si que uma coisa não sobrevive sem a outra. Sim, porque escrever um romance é como enfrentar uma maratona: "a dor é inevitável, mas o sofrimento é uma opção".

O tom é muito coloquial, familiar, quase uma conversa longa num dia chuvoso, com um amigo, evitando portanto a pompa com que alguns autores exibem as suas memórias, ou a falsa modéstia de algumas autobiografias. E o entusiasmo pela corrida (por vezes parecendo mais forte do que o amor pela escrita) contagia-nos: "Enquanto corro, vou dizendo a mim mesmo para pensar num rio. Pensa nas nuvens, digo. Mas no fundo não estou a pensar em nada de concreto. Continuo, pura e simplesmente, a correr nesse confortável vazio que me é tão familiar, no interior do meu nostálgico silêncio. É isso que é qualquer coisa de profundamente maravilhoso. Digam o que disserem."

View all my reviews

domingo, 8 de outubro de 2017

Resident Alien: The New York Diaries by Quentin Crisp

Resident Alien: The New York DiariesResident Alien: The New York Diaries by Quentin Crisp
My rating: 4 of 5 stars

Quentin Crisp foi um indivíduo original e único e as suas memórias dos anos de Nova Iorque como "alien", nos dois sentidos, de estrangeiro e estranho (extraterrestre), são extraordinariamente perspicazes, inteligentes e por vezes controversas, tanto no que se refere aos comportamentos e hábitos dos seus compatriotas ingleses, que deixara para trás, como aos dos americanos que o acolheram, como aos seus próprios!

View all my reviews

sábado, 30 de setembro de 2017

Nos Passos de Santo António by Gonçalo Cadilhe

Nos Passos de Santo AntónioNos Passos de Santo António by Gonçalo Cadilhe
My rating: 3 of 5 stars

Gonçalo Cadilhe parte de Coimbra para visitar os lugares por onde Santo António passou: Sevilha, Marraquexe, Argélia e Tunísia, Sicília, Roma, Assis, Bolonha. Moncenisio, a Provence francesa e, finalmente, Pádua. Tendo o santo vivido no século XIII, existe pouca documentação sobre o percurso do franciscano, e as hagiografias, não tendo como propósito descrever a viagem, mas glorificar o homem, não são fontes fiáveis. Apesar de tudo, especulando um pouco aqui e ali, Cadilhe vai reconstituindo a rota quase sempre de forma credível, aproveitando para nos contar algumas das aventuras que viveu e das impressões com que ficou.


View all my reviews

domingo, 17 de setembro de 2017

Ressurreição by Mário de Sá-Carneiro

RessurreiçãoRessurreição by Mário de Sá-Carneiro
My rating: 4 of 5 stars

Inácio e Etiénne não conseguem sequer conceber, quanto mais dar um nome, à atração que sentem um pelo outro. Os dois artistas boémios conhecem-se em Paris e conhecem uma bailarina de cabaret, por quem ambos se apaixonam, ou talvez se apaixonem por ela por estarem apaixonados um pelo outro e por ser esse o único vocabulário do amor que têm para exprimir a sua paixão.

View all my reviews

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Crónicas de Uma Pequena Ilha by Bill Bryson

Crónicas de Uma Pequena IlhaCrónicas de Uma Pequena Ilha by Bill Bryson
My rating: 4 of 5 stars

Depois de ter vivido durante vinte anos em Inglaterra, Bill Bryson decide regressar com a família aos Estados Unidos, o seu país natal. Mas antes decide fazer uma viagem de sete semanas pela Grã-Bretanha, com o objetivo de visitar todo o país. A viagem é um pouco caótica: se há um comboio que está a partir para uma qualquer cidade, Bryson não resiste a subir, por vezes alterando os seus planos. Desta forma, percorre muitas cidades da Inglaterra, do País de Gales e da Escócia, terminando em John O'Groats, no extremo norte da grande ilha.

Pelo caminho, sucedem-se aventuras e encontros, por vezes divertidos, por vezes assustadores. Por todo o lado, a mesma chuva e frio e cinzento do janeiro britânico, fábricas encerradas, centros de cidades descaracterizados por horríveis edifícios envidraçados de escritórios, as mesmas cadeias de lojas globais. Mas também algumas surpresas, como a catedral de Durham, a transformação de Glasgow, as paisagens rurais bem preservadas de certas zonas. E sempre, o especial sentido de cortesia e humor peculiar dos britânicos.

No final, Bryson descobre (ou recorda-se de) que adora a Grã-Bretanha: "Que lugar assombroso era este - completamente louco, mas adorável até ao mais ínfimo pormenor. Afinal, que outro país se lembraria de arranjar topónimos como Tooting Bec e Farleigh Wallop ou ter um jogo como o críquete que, ao fim de três dias, parece que ainda não começou? Quem é que não acharia estranho, no mínimo, obrigar os seus juízes a usarem cabeleiras e o Lorde Chanceler a sentar-se em cima de uma coisa chamada Woolsack na Câmara dos Lordes, e orgulharem-se de um herói da Marinha cujo último desejo antes de morrer foi ser beijado por um tal Hardy? («Por favor, Hardy, beija-me na boca, profundamente.») Que outra nação no mundo nos poderia dar William Shakespeare, empadas de porco, Christopher Wren, Windsor Great park, a Universidade Aberta, o «Gardner's Question Time» e a bolacha digestiva de chocolate? Nenhuma, é claro. Como nos esquecemos tão facilmente de tudo isto. (...) Este é um país que combateu e ganhou uma guerra nobre, desmantelou um poderoso império de uma forma suave e esclarecida, criou um estado-providência com os olhos no futuro - e depois passou o resto do século a considerar-se um fracasso crónico. O facto é que continua a ser o melhor lugar do mundo para fazer muita coisa - para pôr uma carta no correio, para passear a pé, ver televisão, comprar um livro, beber um copo, visitar um museu, utilizar os serviços bancários, ficar perdido, procurar ajuda, ou ficar parado numa encosta a apreciar a vista. (...) Já o disse antes e repito-o: gosto muito deste país- É difícil dizer por palavras o quanto gosto dele."

Hesitei entre 3 e 4 estrelas: não temos a ideia de um percurso ao ler o livro, perdemo-nos na sucessão de dias e locais, e as descrições são por vezes muito repetitivas (cheguei à cidade, era noite, estava a chover, apanhei uma molha, fui a um pub beber uma cerveja, no centro os edifícios vitorianos foram demolidos para dar lugar a feios edifícios de escritórios, nas ruas comerciais as lojas estão fechadas ou foram substituídas por McDonalds e Marks & Spencer's... etc., etc.) Um editor forte teria, provavelmente, cortado 1/3 das páginas.

Mas Bryson fez-me sorrir muitas vezes e, por vezes, soltar mesmo uma gargalhada! (Em John O'Groats, no extremo norte da ilha, não há habitantes, apenas 2 ou 3 lojas de recordações e 1 ou 2 cafés. Em janeiro, está tudo fechado, exceto uma loja. "Entrei e fiquei admirado ao ver no seu interior três senhoras de meia-idade a trabalharem, o que era um exagero, pois eu devia ser o único turista existente a uma distância de 640 quilómetros. As senhoras tinham um ar muito alegre e saudável e receberam-me calorosamente, com aquele maravilhoso sotaque da região das Highlands - muito bem pronunciado e, todavia, tão suave. Desdobrei algumas camisolas para que elas tivessem algo para fazer depois de eu sair da loja..."). Por isso, merece bem as 4 estrelas!

View all my reviews

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Trás-os-Montes, o Nordeste by J. Rentes de Carvalho

Trás-os-Montes, o NordesteTrás-os-Montes, o Nordeste by J. Rentes de Carvalho
My rating: 3 of 5 stars

Um pequeno apanhado de impressões e de opiniões de Rentes de Carvalho sobre Trás-os-Montes (ou a sua parte de Trás-os-Montes), muito bem escritas, do qual se percebe o quão profundamente apaixonado pela terra e pelas suas gentes é o autor.
Tal não o coíbe de lançar uma crítica forte, que recebeu grande eco na comunicação social, sobre o tabu que é a homossexualidade na região. "Entristece constatá-lo, mas se aqui e ali na terra transmontana algo vai melhorando, seja ele a passo de boi, facto é de que há pontos em que a rigidez atávica, o medo, o atraso, antigas noções de honra e a vergonha, se conluiam para tornar desumana a vida daqueles que, por qualquer motivo, seja ele escolha própria, inclinação, desejo ou herança genética, destoariam pelo comportamento. Faço aqui uso ciente do condicional, porque de facto, salvo raríssimas exceções (...), as lésbicas e os homossexuais transmontanos não destoam, pela simples razão de que nesse particular Trás-os-montes não fala «dessas coisas» e faz par com a antiga União Soviética, o Partido Comunista Chinês e o governo do Zimbabué, para quem a homossexualidade não existe."

View all my reviews

Perversões by Jesse Bering

PerversõesPerversões by Jesse Bering
My rating: 1 of 5 stars

Esta edição tem tantas gralhas e uma tradução tão deficiente que é impossível compreender o conteúdo de parágrafos inteiros, o que perturba fortemente a compreensão do texto e a fluência da leitura de um livro cujo conteúdo parece ser muito interessante. É por isso que leva 1 estrela!
Caso encontrem outra edição, por favor, leiam, porque o conteúdo merece, sem dúvida, 4 estrelas.

Num tom divertido e desarmante (o autor confessa no livro as suas "perversões" mais "vergonhosas"...), Jesse Bering fala das parafilias e de como o significado do que é, ou não é, uma perversão tem evoluído ao longo da história.

Alerta-nos para a angústia e opressão que sentem os que não se atrevem a "sair do armário" dos seus desejos sexuais desviantes, mesmo que inofensivos (uma atração sexual por botas, por exemplo, é inofensiva), por receio de serem estigmatizados pela sociedade.

Explica que muitos dos comportamentos sociais discriminatórios têm uma base evolucionária forte, o que não os justifica. Individualmente e socialmente temos a inteligência e a sensatez suficientes para reconhecer e recusar a discriminação. Neste campo, um exemplo muito interessante é o que tem a ver com a criação de "etiquetas" sobre sexualidade: Lésbica Gay Bi Trans Queer Inter Assexual... etc... como se fosse possível descrever a complexidade e a riqueza de personalidade de um indivíduo só com uma etiqueta. No entanto, do ponto de vista evolucionário e reprodutivo, que etiqueta tem mais valor do que a etiqueta da sexualidade?

Refutando os argumentos do "natural" e do "fim reprodutivo" da moral conservadora (utilizando para isso as suas contradições internas), o autor defende que o único critério aceitável para a repressão de atos sexuais é o facto de este causarem, ou não, danos a terceiros.

E termina numa nota positiva, desejando que o nosso sistema de valores evolua para passar a fundamentar-se não na moral religiosa ou conservadora, mas em factos científicos estabelecidos, na crença de que as orientações sexuais nunca são escolhidas pelos próprios, de que o mal não existe a não ser nas nossas mentes, de que os pensamentos lúbricos não são atos imorais e de que nenhum comportamento sexual deve ser condenado se não causar danos comprováveis.

View all my reviews

segunda-feira, 31 de julho de 2017

10 Great Travel Books

1. In Patagonia by Bruce Chatwin

Picture
An exhilarating look at a place that still retains the exotic mystery of a far-off, unseen land, Bruce Chatwin’s exquisite account of his journey through Patagonia teems with evocative descriptions, remarkable bits of history, and unforgettable anecdotes. Fueled by an unmistakable lust for life and adventure and a singular gift for storytelling, Chatwin treks through “the uttermost part of the earth”— that stretch of land at the southern tip of South America, where bandits were once made welcome—in search of almost forgotten legends, the descendants of Welsh immigrants, and the log cabin built by Butch Cassidy. An instant classic upon publication in 1977, In Patagonia is a masterpiece that has cast a long shadow upon the literary world. 

2. ​The Worst Journey in the World by Apsley Cherry-Garrard

Picture
The Worst Journey in the World recounts Robert Falcon Scott’s ill-fated expedition to the South Pole. Apsley Cherry-Garrard—the youngest member of Scott’s team and one of three men to make and survive the notorious Winter Journey—draws on his firsthand experiences as well as the diaries of his compatriots to create a stirring and detailed account of Scott’s legendary expedition. Cherry himself would be among the search party that discovered the corpses of Scott and his men, who had long since perished from starvation and brutal cold. It is through Cherry’s insightful narrative and keen descriptions that Scott and the other members of the expedition are fully memorialized.

3. The Road to Oxiana by Robert Byron

Picture
The Road to Oxiana is an account of Robert Byron’s ten-month journey to Iran and Afghanistan in 1933–34 in the company of Christopher Sykes. This travelogue is considered by many modern travel writers to be the first example of great travel writing. Bruce Chatwin has described it as “a sacred text, beyond criticism” and carried his copy since he was fifteen years old, “spineless and floodstained” after four journeys through central Asia.

4. The Way of the World by Nicolas Bouvier

Picture
In 1953, twenty-four-year old Nicolas Bouvier and his artist friend Thierry Vernet set out to make their way overland from their native Geneva to the Khyber Pass. They had a rattletrap Fiat and a little money, but above all they were equipped with the certainty that by hook or by crook they would reach their destination, and that there would be unanticipated adventures, curious companionship, and sudden illumination along the way. The Way of the World, which Bouvier fashioned over the course of many years from his journals, is an entrancing story of adventure, an extraordinary work of art, and a voyage of self-discovery on the order of Robert M. Pirsig’s Zen and the Art of Motorcycle Maintenance. As Bouvier writes, “You think you are making a trip, but soon it is making—or unmaking—you.”

5. A Short Walk in the Hindu Kush by Eric Newby

Picture
For more than a decade following the end of World War II, Eric Newby toiled away in the British fashion industry, peddling some of the ugliest clothes on the planet.  Fortunately, Newby reached the end his haute-couture tether in 1956. At that point, with the sort of sublime impulsiveness that's forbidden to fictional characters but endemic to real ones, he decided to visit a remote corner of Afghanistan, where no Englishman had planted his brogans for at least 50 years. What's more, he recorded his adventure in a classic narrative, A Short Walk in the Hindu Kush. The title, of course, is a fine example of Newby's habitual self-effacement, since his journey--which included a near-ascent of the 19,800-foot Mir Samir--was anything but short. And his book seems to furnish a missing link between the great Britannic wanderers of the Victorian era and such contemporary jungle nuts as Redmond O'Hanlon.

6. Arabian Sands by Wilfred Thesiger

Picture
In the spirit of T.E. Lawrence, Wilfred Thesiger spent five years wandering the deserts of Arabia, producing Arabian Sands, 'a memorial to a vanished past, a tribute to a once magnificent people'.  Wilfred Thesiger, repulsed by what he saw as the softness and rigidity of Western life - 'the machines, the calling cards, the meticulously aligned streets' - spent years exploring in and around the vast, waterless desert that is the 'Empty Quarter' of Arabia. Travelling amongst the Bedu people, he experienced their everyday challenges of hunger and thirst, the trials of long marches beneath the relentless sun, the bitterly cold nights and the constant danger of death if it was discovered he was a Christian 'infidel'. He was the first European to visit most of the region, and just before he left the area the process that would change it forever had begun - the discovery of oil.

7. Venice by Jan Morris

Picture
Often hailed as one of the best travel books ever written, Venice is neither a guide nor a history book, but a beautifully written immersion in Venetian life and character, set against the background of the city's past. Analysing the particular temperament of Venetians, as well as its waterways, its architecture, its bridges, its tourists, its curiosities, its smells, sounds, lights and colours, there is scarcely a corner of Venice that Jan Morris has not investigated and brought vividly to life. Jan Morris first visited the city of Venice as young James Morris, during World War II. As she writes in the introduction, 'it is Venice seen through a particular pair of eyes at a particular moment - young eyes at that, responsive above all to the stimuli of youth.' ​amzn.to/2hga4GSVenice is an impassioned work on this magnificent but often maddening city.

8. The Great Railway Bazaar by Paul Theroux

Picture
First published more than thirty years ago, Paul Theroux's strange, unique, and hugely entertaining railway odyssey has become a modern classic of travel literature. Here Theroux recounts his early adventures on an unusual grand continental tour. Asia's fabled trains -- the Orient Express, the Khyber Pass Local, the Frontier Mail, the Golden Arrow to Kuala Lumpur, the Mandalay Express, the Trans-Siberian Express -- are the stars of a journey that takes him on a loop eastbound from London's Victoria Station to Tokyo Central, then back from Japan on the Trans-Siberian. Brimming with Theroux's signature humor and wry observations, this engrossing chronicle is essential reading for both the ardent adventurer and the armchair traveler.

9. The Innocents Abroad by Mark Twain

Picture
The Innocents Abroad is one of the most prominent and influential travel books ever written about Europe and the Holy Land. In it, the collision of the American “New Barbarians” and the European “Old World” provides much comic fodder for Mark Twain—and a remarkably perceptive lens on the human condition. Gleefully skewering the ethos of American tourism in Europe, Twain’s lively satire ultimately reveals just what it is that defines cultural identity. As Twain himself points out, “Broad, wholesome, charitable views of men and things cannot be acquired by vegetating in one little corner of the earth all one’s lifetime.” And Jane Jacobs observes in her Introduction, “If the reader is American, he may also find himself on a tour of his own psyche.”

10. A Time of Gifts by Patrick Leigh Fermor

Picture
In 1933, at the age of 18, Patrick Leigh Fermor set out on an extraordinary journey by foot - from the Hook of Holland to Constantinople. A Time of Gifts is the first volume in a trilogy recounting the trip, and takes the reader with him as far as Hungary. It is a book of compelling glimpses - not only of the events which were curdling Europe at that time, but also of its resplendent domes and monasteries, its great rivers, the sun on the Bavarian snow, the storks and frogs, the hospitable burgomasters who welcomed him, and that world's grandeurs and courtesies. His powers of recollection have astonishing sweep and verve, and the scope is majestic. 

terça-feira, 20 de junho de 2017

28 Discursos sobre Direitos LGBT em Portugal by vários autores

28 Discursos sobre Direitos LGBT em Portugal28 Discursos sobre Direitos LGBT em Portugal by Varios autores
My rating: 4 of 5 stars

Coletânea de textos históricos, associados a posições públicas no campo da luta pelos direitos LGBT, nomeadamente, discursos, declarações e comunicados, recolhidos do Centro de Documentação Gonçalo Dinis, da ILGA Portugal. Inclui a republicação de uma Cronologia dos Movimentos LGBT em Portugal, de Miguel Vale de Almeida e textos tão interessantes e importantes como Aviso por Causa da Moral, de Álvaro de Campos (1923), O Fim do Coito, de Natália Correia (1982), Liberdade para as Minorias Sexuais, do MHAR, Movimento de Ação dos Homossexuais Revolucionários (1974), o Manifesto do CHOR, Colectivo de Homossexuais Revolucionários (1980), A Família do Homossexual, de Guilherme de Melo (1982) ou a Convenção dos Direitos do Homem, publicado pela Revista Organa (1990).

View all my reviews

Mau Tempo no Canal by Vitorino Nemésio

Mau Tempo no CanalMau Tempo no Canal by Vitorino Nemésio
My rating: 4 of 5 stars

No cenário açoriano da burguesia da Horta e da aristocracia agrícola de São Jorge, da vinha e dos baleeiros do Pico, das touradas da Terceira, dos temporais, dos vulcões, da lava e da peste que grassava no início do século XX, Margarida Dulmo e João Garcia estão apaixonados, mas as suas famílias têm questões antigas por resolver e as suas personalidades são quase opostas: ele é formal, quase tímido, indeciso, ela é extrovertida, social, irreverente. A chegada do tio Robert, filho natural (bastardo) do velho Clark, avô de Margarida, vindo de Londres onde trabalha numa casa financeira, vem desequilibrar a pacatez da vida na Horta.

A escrita de Vitorino Nemésio é riquíssima, com uma sintaxe elaborada, um vocabulário muito extenso (Alô, dicionaristas...), carregado de regionalismos tanto a nível das expressões (muitas delas trazidas do inglês dos baleeiros americanos, como "tempo rofe" para "rough" ou "puláiete" para "pull ahead") como da pronúncia. Muitas cenas são tão bem descritas que nos sentimos a vivê-las, como por exemplo a da tourada da Terceira ou da noite em que os baleeiros dormem numa furna depois de terem sido arrastados para São Jorge por duas baleias que trancaram, e que não resisto a transcrever:
"O ti Amaro da Mirateca, ajeitando discretamente o seu molho de maravalhas contra um canto da furna, acomodara-se e dormia, de nariz e barba ao céu. O silêncio que fechava uma vaga... Depois, do outro lado, um ruído seco, timpânico, cortou o ressonar dos baleeiros. Ouviu-se uma voz acordada do fundo da morrinha: «Quem foi que deu um peido?!» «Sssch... Tómim vergonha, padaço de malcriados! Nã têm respeito à menina!...» Só então Margarida se deu conta de que estava deitada na caverna de uma ilha que parecia deserta, embrulhada no pano de uma vela, no meio de homens a quem o sono e o cansaço tinham devolvido o instinto e o bruto calor da natureza."

Os diversos personagens da família Clark e seus criados, dos Garcia e da família do barão da Urzelina, os baleeiros, do grupo de amigos de João Garcia, os criados, são excelentemente retratados. Neste campo, Nemésio não é clemente para o leitor, trazendo-o para namoros, discussões, conversas, diretamente, como se estivéssemos presentes, sem apresentações.

Neste campo dos personagens do romance, é muito curiosa a personagem do tio Ângelo (Garcia), que desde o princípio é apresentado como homossexual numa reflexão de Margarida ("A recordação do maricas acordava nela a soberba dos Clarks, aquele sentimento maciço, enjoado e um pouco cínico. (...) Representou-se-lhe Ângelo de bigodinho frisado a ferro, faces de menina, o cabelo ruço e melado sob o chapéu de coco, correndo as casas da Horta com o seu pezinho atrasado."). Ângelo é descrito como efeminado, gostando de mexericos, adorando organizar festas e decorar igrejas para festas, muito amigo de Pretextato, um viúvo que não voltou a casar, e, pela noite, rondando os quartéis para engatar soldados. João Garcia, o seu sobrinho, olha para o tio com algum desgosto, embora pareça aceitá-lo. Já o irmão, Januário, não só o protege e emprega, como tira partido dos seus conhecimentos sociais. Ângelo, ele próprio, parece ter vergonha de si mesmo ("Olha. João, teu tio é uma desgraça...").

View all my reviews

segunda-feira, 12 de junho de 2017

O Virgem Negra: Fernando Pessoa explicado às Criancinhas Naturais e Estrangeiras by Mário Cesariny

O Virgem Negra: Fernando Pessoa explicado às Criancinhas Naturais e EstrangeirasO Virgem Negra: Fernando Pessoa explicado às Criancinhas Naturais e Estrangeiras by Mário Cesariny
My rating: 4 of 5 stars

Fernando Pinto Amaral (in "Colóquio/Letras") resume supremamente esta obra singular de Cesariny: “Conseguir surpreender-nos sempre foi uma característica da poesia de Mário Cesariny de Vasconcelos. Com ele aprendemos a esperar o inesperado, fugindo das mais previsíveis cristalizações do sentido e abrindo-nos à voracidade das perguntas que transformam em estranha vertigem cada nova leitura dos seus textos. (…) No caso presente, o horizonte define-se a partir do próprio título da obra (…) cuja intenção jocosa não oferece dúvidas. (…) O programa consiste em revisitar Pessoa, não só através de algums poemas engenhosamente reescritos, como também graças a outros de origem não directamente pessoana, mas nos quais o sujeito é o poeta da ‘Mensagem’. (…) Ao definir-se como ‘Eu o mim de mim expulso’, este Pessoa foge a classificações preconcebidas em que às vezes há quem deseje encaixar o poeta, e que leitores mais apressados poderiam concluir, por exemplo, da abertura de um muito singular poema: ‘Alheio ao céu e à luz / De Seth e de Rimbaud / No Antinoo depus / O paneleiro que sou.’ Perante versos tão claros como estes, dir-se-á estarmos em face de uma explicação de Pessoa pela via da homossexualidade. Ora, se isso é, pelo menos em parte, verdadeiro, não pode um livro como ‘O Virgem Negra’ ver-se resumido a tal intenção, por ser mais amplo o fôlego que anima Cesariny: é que o poeta procura fazer luz sobre todo o cosmos pulsional de Pessoa, nunca perdendo de vista um erotismo cuja expressão é activamente interpelada em cada texto – mesmo quando pareça muda, contraditória, demasiado subtil ou simplesmente incompreensível.” (ou usando a ironia do próprio Cesariny: "Isso eu quiz dizer naquele verso louco que tenho ao pé: / «O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é» / Verso que, como sempre, terá ficado por perceber (por mim até).")

Dois exemplos (extremos) da intertextualidade com Pessoa em "O Virgem Negra":
"Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada! / Supor o que dirá / Tua boca velada / É ouvir-te já. // É ouvir-te melhor / Do que o dirias. / O que és não vem à flor / Das caras e dos dias. // Tu és melhor - muito melhor! - / Do que tu. Não digas nada. Sê / Alma do corpo nu / Que do espelho se vê."
"O Álvaro gosta muito de levar no cu / O Alberto nem por isso / O Ricardo dá-lhe mais para ir / O Fernando emociona-se e não consegue acabar. // O Campos / Em podendo fazia-o mais de uma vez por dia / Ficavam-lhe os olhos brancos / E não falava, mordia. O Alberto / É mais por causa da fotografia / Das árvores altas nos montes perto / Quando passam rapazes / O que nem sempre sucedia. // (...)"

View all my reviews

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Austerlitz by W.G. Sebald

AusterlitzAusterlitz by W.G. Sebald
My rating: 3 of 5 stars

Há obras que reconhecemos serem fundamentais mas que não nos entusiasmam. Compreendemos (racionalmente) que estamos perante algo inovador ou invulgar, mas (emocionalmente) não nos conseguimos deixar embalar. Acontece-me, por exemplo, com a maior parte da poesia, com grande parte da produção surrealista, com a arte moderna (visitei o novo MAAT recentemente...) ou com quase toda a música clássica minimalista dos últimos 50 anos. E aconteceu-me com "Austerlitz" de W. G. Sebald. A escrita é belíssima, uma conversa entre dois (des)conhecidos, quase como um fluxo de pensamentos, um sonho distante, ou um pesadelo que não queremos recordar e que, dolorosamente, não conseguimos evitar (neste caso, o pesadelo do holocausto nazi). E é também inovadora e desconcertante, porque contada por dois narradores ("disse Vera, disse Austerlitz"), contribuindo assim para aumentar o sentimento de distância e de gravidade. Para mim, que fui formado e formatado na ciência, nos factos, na beleza e no desafio da simplicidade, o estilo que Sebald utilizou em Austerlitz impacienta-me e anestesia-me. O que não significa que não lhe reconheça muito valor e que não recomende vivamente a leitura.

View all my reviews

quinta-feira, 18 de maio de 2017

The Road to Serfdom: Text and Documents by Friedrich A. Hayek

The Road to Serfdom: Text and DocumentsThe Road to Serfdom: Text and Documents by Friedrich A. Hayek
My rating: 4 of 5 stars

A história repete-se, avisa Hayek, neste livro que escreveu na parte final da II Grande Guerra Mundial. Os totalitarismos populistas da primeira metade do século XX resultaram de um descontentamento progressivo com a incapacidade que as democracias demonstraram para gerar os consensos necessários à satisfação das expectativas criadas aos cidadãos. Descontentes com o impasse, os povos europeus deixaram de acreditar nos políticos e na política e aceitaram as propostas irrealistas e xenófobas dos pequenos (depois, grandes!) ditadores que lhes prometiam resolver em três penadas todos os problemas das suas nações. Hitler culpou os judeus e Estaline os capitalistas. Trump culpa os mexicanos, Le Pen os emigrantes e Erdogan a Europa...

E porque falharam as democracias? Porque os partidos não se entendiam entre si? Porque a classe política era corrupta? ou medíocre? Nada disso, diz Hayek. As democracias falharam porque se viram obrigadas a tentar gerar consensos impossíveis.

No início do século XX, à medida que o coletivismo se estendeu a cada vez mais capítulos da vida em sociedade, mais difícil passou a ser obter consensos. Todos estamos de acordo sobre grandes objetivos comuns, como a manutenção da ordem pública e a redução da criminalidade. Mas as nossas opiniões divergem muito quando os temas em debate são mais específicos, como, por exemplo, a localização de um aterro sanitário (nunca perto da minha casa...), o casamento entre homossexuais, a Uber vs os taxistas, os direitos dos animais, etc., etc. Quando são chamados a legislar sobre questões cada vez mais minuciosas, como estas, os políticos não conseguem, obviamente, chegar a acordo, sendo obrigados a beneficiar certos grupos (frequentemente, a maioria ou os grupos de pressão mais organizados) em desfavor de outros, o que acaba por gerar descontentamento contra os políticos, contra a política e contra as instituições da democracia: "só se insultam uns aos outros", "querem é tacho", "não percebem nada", "são todos corruptos"...

O que diz Hayek é que estamos a tentar utilizar a "ferramenta" da democracia para finalidades para as quais ela não é adequada. E ao utilizá-la assim, desvalorizando-a, estamos a abrir espaço para o populismo e para a autocracia, e a pôr em causa um bem (ainda) mais precioso do que a democracia: a liberdade!

É este o "caminho para a servidão" que serve de título ao livro. Foi este o caminho que foi trilhado pela Alemanha, entre guerras mundiais, quando o coletivismo atingiu uma tal proporção que o país se transformou numa enorme burocracia hierárquica, quase militarizada, em que o Estado se confundia com a Nação e todos eram funcionários (a maioria dos alemães não reagiu ao genocídio e às outras atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial... estavam apenas a cumprir ordens!) Foi este o caminho que foi trilhado na União Soviética, apesar de, aí, o coletivismo não ter sido de pendor hierárquico, mas igualitário, embora com resultados igualmente desastrosos.

Para evitar que esta história infeliz se repita, diz Hayek, só temos um caminho a seguir, o caminho que arrancou a Europa ao feudalismo da Idade Média e às monarquias absolutistas que lhe sucederam e aos fundamentalismos religiosos: o caminho da liberdade individual.

View all my reviews

terça-feira, 18 de abril de 2017

Antologia Grega: A Musa dos Rapazes by Carlos A. Martins de Jesus

Antologia Grega: A Musa dos Rapazes (livro XII)Antologia Grega: A Musa dos Rapazes by Carlos A. Martins de Jesus
My rating: 3 of 5 stars

Esta é a primeira tradução direta para o português do Livro XII da Antologia Grega, uma recolha de epigramas de teor homoerótico. Na Grécia Antiga, amavam-se os efebos até lhes surgirem os primeiros pelos no corpo ou na cara. Nestes epigramas estão todas as mágoas e as alegrias do amor, o mesmo amor que nos atormenta e arrebata nos nossos dias, que não respeita idades, fronteiras nem géneros.

142. À maneira de Riano
Com a rede, debaixo de um plátano verde, Dexionico
    caçou um melro e prendeu-o pelas asas;
entre gemidos se lamentava essa ave sagrada.
    Fosse eu, Eros querido e Graças florescentes,
um tordo ou um melro, para nas mãos desse rapaz
    gritos e doce pranto poder soltar!

188. De Estratão
Se beijar-te é crime, e o tomas por ato insolente,
    impõe-me o castigo e beija-me também tu!

203. Do mesmo
Beijas-me se não quero, beijo-te eu se não queres tu.
    És fácil, se te fujo; mas difícil, se te procuro.

O livro em formato pdf é grátis e pode ser descarregado aqui: https://digitalis.uc.pt/en/livro/anto...

View all my reviews

quinta-feira, 30 de março de 2017

What I Saw at Shiloh by Ambrose Bierce

What I Saw at ShilohWhat I Saw at Shiloh by Ambrose Bierce
My rating: 4 of 5 stars

Ambrose Bierce era sargento quando as tropas da União, comandadas por Ulysses Grant, foram surpreendidas pelos Confederados em Shiloh, na margem errada do rio Tennessee. Bierce não descreve a batalha; descreve apenas o que viu! E o que viu (e ouviu) é, por vezes, aterrorizador, agoniante e emocionante, mas também excitante e até mesmo deslumbrante. E ele fá-lo com uma escrita que é económica, direta e honestamente crua. Como alguém disse, talvez este seja o maior libelo contra a guerra da literatura norte-americana!

View all my reviews

segunda-feira, 13 de março de 2017

Faggots by Larry Kramer

FaggotsFaggots by Larry Kramer
My rating: 4 of 5 stars

Na "capital homossexual do mundo" (Nova Iorque) dos loucos anos pré-SIDA, seja nos bairros gay de Greenwich, em Washington Sq ou Christopher Street, numa das saunas gay da cidade, na inauguração da super-discoteca gay mais incrível de sempre ou no paraíso homossexual à beira-mar que era Fire Island, ninguém se importa com nada que não seja o prazer físico e sensual, sexo desenfreado, em grupo, anónimo, leather, s-m, fisting, muito... mas Fred compreende que procura apenas amor!
Talvez o livro mais realista e profundamente conhecedor da cena gay novaiorquina dos anos 1970. E enredo é muito solto, os personagens multiplicam-se de tal forma que lhes perdemos o rasto, mas no final da leitura ficamos com a sensação de que estivemos a apreciar um quadro complexo, uma obra-prima de um mestre. Jerónimo Bosch, por exemplo.

View all my reviews

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Sino by Iris Murdoch

O SinoO Sino by Iris Murdoch
My rating: 4 of 5 stars

A chegada de Dora e Toby à grande casa senhorial de Imber, anexa ao convento de freiras com o mesmo nome, desequilibra a pequena comunidade católica laica que aí se reunira e faz emergir uma torrente de paixões que estavam, se não reprimidas, pelo menos ocultas sob um véu opaco de fé. Michael, o líder da comunidade, sente-se atraído por Toby, o que o obriga a rever e repensar a sua grande paixão por Nick, um ex-aluno seu que também está em Imber a acompanhar a irmã Caterine antes de esta professar os seus votos como freira. Toby, incerto acerca da sua sexualidade, não sabe como reagir aos avanços de Michael e deixa-se arrastar por Dora para uma brincadeira infantil e idiota que envolve o novo sino encomendado para a abadia.

Iris Murdoch escreve muito, muito, bem, os seus personagens têm camadas de complexidade que nos intrigam e os tornam credíveis, o enredo parece uma avalanche, começa muito de mansinho mas precipita-se continuamente, e cada vez com mais força, para o desfecho final. Excelente!

View all my reviews

Farthest North by Fridtjof Nansen

Farthest NorthFarthest North by Fridtjof Nansen
My rating: 4 of 5 stars

These are the personal memoirs of Fridtjof Nansen's famous "Fram" Polar Expedition of 1893-1896. This Norwegian (later distinguished with the Nobel for he's efforts to protect refugees around the world) embarked in a risky and perilous trip through the frozen Arctic Ocean. All contemporary experts declared that he was doomed to failure. Some believed he would be crashed by the ice; some said they would die of scurvy, others believed there was an open water ocean around the North Pole while others were convinced that Greenland extended north to the Pole.

Taking a truly scientific stance, armed only with facts and his brain, Nansen was sure that there was an ocean current that carried drift ice from the north of Siberia to Greenland, and he was willing to risk some years of his life to proof his theory was right and to reach for the first time the North Pole. He studied all possible issues is expedition might face and built a ship, the "Fram" specially prepared for withstanding the strong pressures of drifting ice, the lowest temperatures on Earth, the boredom of the Arctic long winter night, and embarked with eleven fellow adventurers.

In his book, Farthest North, published one year after returning to Norway to huge acclaim, he describes this incredible voyage of scientific exploration and adventure, masterfully combining reason and emotion, scientific data and beautiful descriptions of the northern lights, the bright moonshine lit long polar night and the silent magical ice plains of the frozen Arctic Ocean.

View all my reviews

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? by Philip K. Dick

Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?Será que os Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? by Philip K. Dick
My rating: 4 of 5 stars

Deckard é um caçador de andróides rebeldes que se regressaram à Terra sem autorização, que são simplesmente "retirados".

Foi este o livro que inspirou o famoso filme "Blade Runner". Se o negro cenário distópico de uma Terra num pós-guerra global é o mesmo, muito há no livro que não está no filme e o filme aventura-se muito para além do que está no livro. Aqui, há novos dispositivos pessoais (não, não são telemóveis... porque será que quase nenhum autor de sci-fi se lembrou dos telemóveis?) que controlam o humor/depressão dos humanos e permitem uma fusão de consciências global, numa espécie de nova religião, o "mercerismo", que compete com as estrelas de um programa da "velha" televisão que pretendem, elas mesmas, alcandorar-se a um estatuto quase divino. Aqui, o conceito de luxo mudou (como são fúteis e circunstanciais as nossas aspirações). Aqui, Deckard é casado e não, no final não foge com Rachael...

(irritante, irritante, é a má tradução)

View all my reviews

Encontro à Beira-Rio by Christopher Isherwood

Encontro à Beira-RioEncontro à Beira-Rio by Christopher Isherwood
My rating: 4 of 5 stars

Oliver aspira a ser monge de um mosteiro hindu. Pouco antes da cerimónia de consagração, das margens do Ganges, escreve ao irmão, Patrick, com quem não falava há alguns anos. Pede-lhe que conte à mãe, já que ele próprio não tem coragem para o fazer. Patrick corre para a Índia, ao encontro do irmão. Julga ter a obrigação de o salvar de tal destino, mas, na verdade, foge de si mesmo, da sua vida de homem casado que não sabe como conciliar com a paixão que sente por outro homem.

Escrito a várias vozes, em jeito epistolar ou como confissão, este conto de Isherwood é uma brilhante reflexão sobre a personalidade dos dois irmãos e sobre como nem tudo é o que nos parece ser.

View all my reviews