quinta-feira, 25 de maio de 2017

Austerlitz by W.G. Sebald

AusterlitzAusterlitz by W.G. Sebald
My rating: 3 of 5 stars

Há obras que reconhecemos serem fundamentais mas que não nos entusiasmam. Compreendemos (racionalmente) que estamos perante algo inovador ou invulgar, mas (emocionalmente) não nos conseguimos deixar embalar. Acontece-me, por exemplo, com a maior parte da poesia, com grande parte da produção surrealista, com a arte moderna (visitei o novo MAAT recentemente...) ou com quase toda a música clássica minimalista dos últimos 50 anos. E aconteceu-me com "Austerlitz" de W. G. Sebald. A escrita é belíssima, uma conversa entre dois (des)conhecidos, quase como um fluxo de pensamentos, um sonho distante, ou um pesadelo que não queremos recordar e que, dolorosamente, não conseguimos evitar (neste caso, o pesadelo do holocausto nazi). E é também inovadora e desconcertante, porque contada por dois narradores ("disse Vera, disse Austerlitz"), contribuindo assim para aumentar o sentimento de distância e de gravidade. Para mim, que fui formado e formatado na ciência, nos factos, na beleza e no desafio da simplicidade, o estilo que Sebald utilizou em Austerlitz impacienta-me e anestesia-me. O que não significa que não lhe reconheça muito valor e que não recomende vivamente a leitura.

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