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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A Missa do Galo by Paul Bowles

A Missa do GaloA Missa do Galo by Paul Bowles
My rating: 4 of 5 stars

Pequenos contos sobre episódios, quase todo sobre a vida de ocidentais em Marrocos, quase todos muito interessantes e curiosos, e com tão fino sentido de observação que parecem cenas vividas pelo próprio Bowles.

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domingo, 8 de abril de 2018

O Céu Que nos Protege by Paul Bowles

O Céu Que nos ProtegeO Céu Que nos Protege by Paul Bowles
My rating: 5 of 5 stars

Quando começa a sua viagem em direção ao interior do deserto do Saara, Kit tem um presságio, uma premonição que não consegue compreender, mas que a atormenta por acreditar que algo de muito mau está para acontecer. E o seu presságio concretizar-se-á implacavelmente, como um rio que corre para o mar ou uma vida que se extingue inexoravelmente com a morte. Esta viagem que o casal Kit e Port empreende em direção ao desconhecido é a viagem que todos fazemos em direção ao futuro e à morte. Quando Kit se depara com o inevitável, recusa-se a aceitar, não quer pronunciar as palavras dolorosas, não quer sequer pensá-las. Kit sabia o que estava para acontecer, embora não tivesse consciência de o saber. Então, abandona-se às emoções mais básicas, deixa-se levar sem pelo deserto, deixa-se transformar no objeto de prazer de Belqassim. Quando até mesmo isso perde, Kit foge da prisão que aceitara voluntariamente e desaparece envolta em mistério.

O livro termina, mas nós ficamos a sentir que mesmo que tivesse escrito mais páginas, Paul Bowles não nos deixaria saber mais nada sobre Kit, que Kit ficaria para sempre esquecida, por toda a eternidade, e esse é o destino que todos pressentimos, sem o aceitarmos, que será o nosso. Paul Bowles é magistral em "O Céu que nos Protege" e criou personagens que, ao contrário do que acontece no livro, dificilmente serão esquecidos.

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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Viagens by Paul Bowles

ViagensViagens by Paul Bowles
My rating: 5 of 5 stars

Fico surpreendido sempre que leio sobre Bowles e reparo, como se fosse a primeira vez, que Bowles nasceu em Nova Iorque, que era americano. Sempre me parece que Bowles é um dos derradeiros súbditos do império britânico em decadência. A subtileza e erudição do pensamento, a abertura de espírito, a curiosidade, a ironia e o humor discretos, o comportamento contido, sem sentimentalismo, um certo sentimento de classe e o sentir que o mundo é a sua casa, tudo faz dele, para mim, um típico viajante britânico, a par de outros grandes viajantes britânicos do século XX, como E.M. Forster, Jan Morris ou Robert Byron.

"Viagens" é uma coletânea das crónicas sobre os lugares e as pessoas que Bowles foi visitando e conhecendo ao longo da sua vida. Escreveu-as para revistas de viagens e jornais, bem como para introduções ou prefácios a livros de fotografias. As suas crónicas não têm um tema agregador nem uma linha de argumentação específica - não foram escritas para serem publicadas em conjunto - mas não surgem desconexas: o cimento que as agrega é personalidade de Bowles, a fluência, articulação e elegância da sua escrita. Mais do que crónicas, lêem-se como contos ou pequenos romances.

Porque estão organizadas cronologicamente, à medida que a leitura das crónicas progride vamos sendo inundados pelo sentimento de que certos paraísos se perderam definitivamente. Os encantos e mistérios de Marrocos, a Tânger dos tempos do estatuto internacional, a cultura berbere sendo diluída pela árabe, a música e os instrumentos tradicionais do Rife, o isolamento do deserto do Saara, uma ilha perdida no Ceilão, tudo parece esboroar-se inexoravelmente de crónica para crónica. Mas esta melancolia que se desprende das linhas de Bowles não é deprimente, sentimentalista ou conservadora. Parece-se mais com aquele sentimento morno e bom com que nos recordamos dos melhores anos da nossa juventude. E é esse sentimento morno e bom que resta depois de terminada a leitura destas "Viagens".

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