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domingo, 11 de setembro de 2016

Sáficas by Alfredo Gallis

Sáficas Sáficas by Alfredo Gallis
My rating: 4 of 5 stars

Em "Sáficas", Alfredo Gallis começa por nos alertar logo no prólogo para a honestidade e as boas intenções do seu livro, “para que nenhum malévolo veja nele, nem a leve sombra de um trabalho pornográfico” e continua, condenando não só a homossexualidade, mas relegando as filhas solteiras ao confinamento do lar materno, que seria, segundo Gallis, a única forma de as proteger de perceptoras, “cujas qualidades, carácter, tendências e desígnios, ignoramos completamente”, de “relações estreitas das jovens umas com as outras”, e de “intimidades de relações entre meninas solteiras e casadas”. O tom moralista, no entanto, parece servir apenas para justificar o escandaloso, à época, conteúdo homossexual e o erotismo soft que renasceu recentemente com "As 50 Sombras de Grey" e que foi responsável, tal no caso daquele romance contemporâneo, pelo enorme sucesso comercial das obras de Alfredo Gallis. Até porque no final, ao invés de caírem na desgraça ou na miséria, as "sáficas", Octávia e Manuela, acabam juntas e a passear alegremente pela Europa!

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terça-feira, 16 de setembro de 2014

O Sr. Ganimedes by Alfredo Gallis

O Sr. GanimedesO Sr. Ganimedes by Alfredo Gallis
My rating: 4 of 5 stars

O Sr. Ganimedes é um dos primeiros romances em língua portuguesa que fala abertamente de homossexualidade (embora em tom condenatório...), tomando-a para tema central do enredo, na senda de "Sáficas", do mesmo autor, de "O Barão de Lavos", de Abel Botelho, e de "O Bom Crioulo", de Adolfo Caminha. Segundo Robert Howes, esta "coragem" dos autores de língua portuguesa parece ser pioneira na Europa. Com efeito, nesta época, em finais do séc. XIX, princípios do XX, o tema ainda era tão escandaloso que nenhum autor ousava utilizá-lo nos seus romances. Teleny, de Wilde, foi publicado anonimamente, Maurice, de Forster, só foi publicado após a morte do autor, etc...
Gallis pinta um quadro curioso dos costumes e da linguagem da época (o baile de máscaras no São Carlos, o Lazareto na margem sul, para quarentena dos que chegavam no paquete do Brasil, etc.), numa escrita muito floreada e adjetivada ("a perna magnífica, roliça, musculosa, bem torneada", "as curvas opulentas dos quadris e a elevação venusina dos seios", "os pequeninos pés admiravelmente talhados", etc.).
Curiosamente, apesar do tom moralista, de aviso às damas inocentes sobre os perigos de casar com esses imorais efebos, o romance acaba com a dama inocente a cair em pecado, e o horrível efeminado nos braços do seu amado!
Um livro a ler, até pela sua importância histórica!


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segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Sr. Ganymedes by Alfredo Gallis

O Sr. GanymedesO Sr. Ganymedes by Alfredo Gallis
My rating: 3 of 5 stars

Publicado em 1906, este é um dos primeiros romances em português que aborda abertamente a homossexualidade masculina (os outros são O Barão de Lavos, de Abel Botelho, e Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha), tomando-a para tema central do enredo.

Lígia casa-se por interesse com um rico comerciante que fez fortuna no Brasil, bastante mais velho que ela. Respeita-o, mas não o ama. Quando fica viúva, aos 32 anos de idade, regressa a Portugal e perde-se de amores por Leonel, que conhecera de criança, quando era tímido e efeminado, mas que agora crescera para se tornar num esbelto e elegante jovem que fazia suspirar as donzelas. Acontece que Leonel estava era apaixonado por Liberato, um homenzarrão rude e façanhudo, de farto bigode, que o gostava de ver vestido de dama fina.

O autor começa por avisar no prólogo que o seu livro se destina a "avisar as mulheres e castigar os efebos [efeminados] pela sua falta de brio e de sentimentos, fazendo ver aos pais que devem acostumar os seus filhos a serem homens desde pequenos, afim de que a uma educação errada e maricas se não possa atribuir a causa da adopção miserável de hábitos e costumes indignos do simples brio e respeito natural do homem pelo seu sexo." O tom moralista, no entanto, parece servir apenas para justificar o escandaloso, à época, conteúdo "erótico soft", estilo que renasceu recentemente com as "50 Sombras" e que, tal como este, foi responsável pelo enorme sucesso comercial das obras de Alfredo Gallis.

Apesar do exagero das múltiplas descrições da "terciez, venusina, do ventre" de Lígia, dos seus "seios deslumbrantes, pouco volumosos, brancos, aveludados", da "opulência rara das coxas" e da "delicadez grácil do artelho" (destinadas, provavelmente, ao público masculino), ou das belas "toilettes" e rendas finas, do bom-gosto e deslumbre dos móveis e decorações, dos rubores de emoção ou da "capitosidade excitante e amorosa como o seu defunto marido lhe houvera colhido a virgindade" (para alcançar, talvez, o público feminino), a escrita é escorreita e o autor domina o enredo, que faz avançar a bom ritmo, resultando numa leitura agradável.


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