domingo, 6 de março de 2016

On the Move: A Life by Oliver Sacks

On the Move: A Life On the Move: A Life by Oliver Sacks
My rating: 4 of 5 stars

Oliver Sacks foi um neurocirurgião solitário e curioso, que não gostava da aborrecida investigação científica feita de relatórios e estatísticas, antes preferia ouvir e tentar compreender os seus pacientes. E tinha também uma compulsão por contar as suas histórias - o ato de escrever enchia-o de uma felicidade intensa - pelo que foi acumulando milhares de registos médicos e diários, que posteriormente transformaria em livros de grande sucesso, alguns deles adaptados a filmes ou documentários, como "Despertares" (com Robert de Niro e Robin Williams), "O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu" (que deu origem a uma ópera composta por Michael Nyman) ou "Musicofilia".

Quando lhe foi diagnosticado um cancro em fase terminal, decidiu escrever a sua autobiografia, "Em Movimento: Uma Vida", em jeito de testemunho franco sobre a vida que viveu, as experiências com drogas fortes, a paixão por motas, o período louco de bodybuilder na Califórnia e a sua homossexualidade tímida, que ele considerava uma doença (a timidez, já que, para ele, a homossexualidade era apenas aquilo que ele era), mas sobretudo sobre a sua paixão, a neurocirurgia e as suas explorações de várias perturbações neurológicas que o levariam a publicar obras de grande sucesso. A sua autobiografia seria publicado quatro meses mais tarde, três meses antes da sua morte, em 30 de agosto de 2015.

"Em Movimento: Uma Vida" está escrito numa linguagem simples, que Oliver Sacks utiliza tanto para descrever algumas perturbações neuropsicológicas graves ou alguns desafios científicos complexos, como para contar algum episódio divertido sobre os seus familiares ou pacientes. Está escrito na primeira pessoa, mas o autor quase se apaga, falando-nos entusiasticamente das suas paixões mais do que de si próprio ou do enorme prestígio que conseguiu alcançar. E quando o faz, quando fala de si, é porque é ele próprio o sujeito de estudo (partiu uma perna e deixou de sentir que ela pertencia ao seu corpo; descreveu pormenorizadamente a perda progressiva de visão devido a um melanoma ocular, que o deixaria cego de um olho) ou usa um tom de crítica paternal (às loucuras que cometeu com motas e drogas) ou é profundamente modesto, escondendo-se por detrás de um humor suave (o seu maior receio, quando foi condecorado com a Ordem do Império Britânico, era poder "peidar-se" em frente da rainha de Inglaterra).

Um homem que dedicou toda a sua vida a estudar e a tentar ajudar os outros, este homem possuidor de um enorme coração, não experimentou o amor, a paixão e o sexo senão brevemente, na juventude, e mais tarde, já com setenta e sete anos, com Billy Hayes: "Tímido e inibido durante toda a minha vida, deixei que a amizade e a intimidade crescesse entre nós, talvez sem compreender completamente a sua profundidade (...) Uma enorme e inesperada dádiva na minha velhice, depois de uma vida de isolamento.” Um homem que se isolou, refugiando-se nos outros, para se esconder de si próprio?



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