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segunda-feira, 19 de maio de 2014

O Mar Por Cima by Possidónio Cachapa

O Mar Por CimaO Mar Por Cima by Possidónio Cachapa
My rating: 3 of 5 stars

David, um rapaz tímido, chega com os pais a uma ilha dos Açores (Terceira?), para onde vai morar depois de um acidente de trabalho lhe ter cegado o pai. Recebe-os o tio Francisco, que já lhes tinha preparado uma casa na Canada dos Cavacos, junto aos penhascos sobre o mar. David tem dificuldade em integrar-se, mas encontra um amigo no Rapaz, um miúdo mais novo que é seu vizinho. Na ilha, o tio continua a abusar sexualmente de David e, quando este percebe que está apaixonado pelo Rapaz, não consegue exprimir o seu amor, perturbado por poder estar a fazer ao Rapaz o que tio lhe fazia a ele.

A história é muito bela, muito poderosa, muito melancólica, feita de amores impossíveis ou desesperados, no cenário misterioso e claustrofóbico das ilhas, mas o fluxo narrativo fragmentado, a inconstância da linha do tempo, a escrita nebulosa e enigmática, dificulta a leitura e impede uma maior identificação emocional do leitor. Apesar disso, um escritor a seguir, sem dúvida!

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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Segura-te ao Meu Peito em Chamas by Possidónio Cachapa

Segura-te ao Meu Peito em ChamasSegura-te ao Meu Peito em Chamas by Possidónio Cachapa
My rating: 3 of 5 stars

As duas histórias de maior fôlego desta coletânea de contos, "O Nylon da Minha Aldeia" e "O Verde Reflexo das Videiras", são narrativas de amores proibidos em cenário de aldeia.

Na primeira, Marcelo, um jovem homossexual, é vítima dos maus tratos do pai e dos dichotes sarcásticos dos vizinhos quando se começam a aperceber dos seus tiques efeminados. Marcelo resiste, enfrentando-os altivamente, mas sofre ao perceber que Sérgio, o amigo por quem se apaixonara e que o usara sexualmente, o tinha trocado por uma flausina qualquer. É então que, a meio da noite, num dos seus refúgios favoritos, junto à ribeira, Marcelo encontra Lourdinhas, a sonâmbula da aldeia, e o canto dela apossa-se das mãos dele.
Este conto foi adaptado a cinema pelo autor, que também realizou a curta-metragem de 2012 com os atores Cristóvão Campos (Marcelo), Tomás Alves (Sérgio) e Anabela Teixeira (Lurdinhas) (trailer aqui).

Em "O Verde Reflexo das Videiras" o cenário é de verão, radioso e quente, com a luz do sol sempre presente, difundindo-se através do verde tenro das videiras ou refletindo-se nas águas dos tanques ou das ribeiras, ao contrário do outro conto do autor publicado na mesma coletânea ("O Nylon da Minha Aldeia") em que a noite e a obscuridade estão omnipresentes. Mas a história é, também, a de um amor impossível. O narrador, um homem casado, maduro, que foi para a aldeia convalescer de uma perna partida, perde-se de amores pela juventude e beleza de Ahavat (“Amei-te como se ama um potro: pela suavidade das curvas”), um adolescente que veio passar as férias com os avós. A história é contada como uma recordação boa, num tom melancólico e poético, que não pode deixar de trazer à memória a paixão de Aschenbach por Tadzio.

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