quinta-feira, 7 de março de 2019

Uma Ideia da Índia by Alberto Moravia

Uma Ideia da ÍndiaUma Ideia da Índia by Alberto Moravia
My rating: 3 of 5 stars

Na década de 1960, Alberto Moravia e Elsa Morante (a mulher de Moravia), acompanhados por Pier Paolo Pasolini, então um jovem desconhecido, fizeram uma viagem pela Índia. Da sua passagem pelo país surgiram dois livros, este por Moravia e outro de Pasolini (The Scent of India,"O Cheiro da Índia", tradução para português esgotada).

Os dois são livros interessantes, mas onde Moravia é racional, doutoral e frio, Pasolini é emocional, humano e caloroso. Pasolini escreve como quem filma. Observa, descreve, tenta compreender e extrapolar. O seu texto tem uma escala humana: segue uma família que se desloca no meio da multidão para fazer oferendas aos deuses do mar, fala com os rapazes que se aproximam a mendigar, fica fascinado com as cores, os cheiros e o calor das cremações de mortos em Benares, bem como com a passividade e resignação dos familiares. Moravia generaliza do alto da sua torre de marfim: sobre a pobreza humana, sobre o sistema de castas, sobre as religiões na Índia e o contraste entre hindus e muçulmanos, sobre o colonialismo britânico e Nehru (com quem se encontrou), sobre a monotonia da paisagem indiana. Não é na viagem que Moravia está interessado (nem uma vez fala dos seus companheiros de aventura), é a própria Índia que lhe interessa dissecar.

De certa forma, os dois livros completam-se e recomendo vivamente a sua leitura em conjunto (tal como fiz) ou sequencial, mas a escrita quente de Pasolini traça, em minha opinião, um melhor retrato da Índia.

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