quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Fahrenheit 451 by Ray Bradbury

Fahrenheit 451 Fahrenheit 451 by Ray Bradbury
My rating: 4 of 5 stars

Num futuro incerto (o livro foi escrito em 1953), Montag é um bombeiro numa época em que os bombeiros deixaram de ser necessários para apagar fogos - todos os edifícios são agora ignífugos - mas continuam a ser especialistas em incêndios, já que a sua missão é agora queimar livros, esses objetos que apenas trazem infelicidade às pessoas: "Os negros não gostam de «Little Black Sambo». Queimemo-lo. «A Cabana do Pai Tomás» não agrada aos brancos. Queimemo-lo. Um tipo escreveu um livro sobre o tabaco e o cancro do pulmão? Os fumadores de cigarros ficam consternados. Queimemos o livro. A serenidade, Montag, a paz, Montag. Liquidemos os problemas, ou melhor ainda, lancemo-los no incinerador; os enterros são tristes e pagãos? Eliminemo-los igualmente. Cinco minutos após a morte, todo o indivíduo vai a caminho do Grande Crematório, por meio dos Incineradores servidos por helicóptero em todo o país. Dez minutos após a morte, o homem nada mais é que um grão de poeira negra. Não vaticinemos acerca dos indivíduos a golpes de inconsoláveis memórias. Esqueçamo-las. Queimemo-los, queimemos tudo. O fogo é brilhante, o fogo é lindo."

Fahrenheit 451 ("a temperatura a que um livro se inflama e consome"), escrito em plena época do McCartismo americano, apresenta-nos um futuro de perda de individualidade, de manipulação de informação, de repressão e medo, num cenário mais mecânico que eletrónico que, lido nos dias de hoje, parece padecer já de algumas marcas da passagem do tempo... ou talvez não, com o escalar das guerras regionais, das crescentes massas de refugiados, da xenofobia, do consumismo e comodismo, da progressiva intrusão dos Estados nas nossas vidas privadas, talvez a ameaça de um futuro como o de Fahrenheit 451 continue a pesar sobre as nossas cabeças!

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