quarta-feira, 11 de março de 2015

O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar by Yukio Mishima

O Marinheiro que Perdeu as Graças do MarO Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar by Yukio Mishima
My rating: 4 of 5 stars

Verão: Noboru descobre um pequeno orifício na parede do quarto da sua mãe e, por ele, deslumbra-se com a nudez de um marinheiro, Ryuji que a sua mãe, Fusako, viúva há cinco anos, levara para casa nessa noite. Inverno: Ryuji apaixona-se por Fusako e, logo que regressa a terra, abandona a vida de marinheiro, atraiçoando o mar, que não lhe perdoará.

Esta novela é sobre o fascínio exercido pelo mar, mas do mar como aventura e, sobretudo, como horizonte para lá do qual estará o destino de cada homem, a sua glória, o que o distinguirá da massa anónima e medíocre. Como tal, é também um livro sobre a vida e sobre a morte, sobre a descoberta, o crescimento, a atração e o sexo, o desapontamento, a dúvida e as escolhas que somos obrigados a fazer. Noboru e Ryuji partilham o fascínio pelo mar e pelos navios, mas, ironicamente, é precisamente quando Ryuji volta a sonhar com o mar, a sentir-lhe o cheiro e o chamamento irresistível, que se desencadeia a tragédia às mãos de Noboru.

"Os fantasmas do mar, dos navios e das viagens oceânicas existiam apenas nessa gota verde brilhante. Mas, por cada dia que passava, mais os odores abomináveis da vida em terra se colavam ao marinheiro: o cheiro da família, o cheiro dos vizinhos, o cheiro da paz, do peixe frito, das piadas e das mobílias sempre imóveis, o cheiro dos livros de contas da casa e dos passeios de fim-de-semana... todos os cheiros pútridos que os homens de terra deitam, o fedor da morte"

A escrita é genial, com algo de misterioso, mas ao mesmo tempo poético, outras vezes intrigante, mas sempre muito sensorial. Mishima é, de facto, um dos grandes escritores do século XX.

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