quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A porta ao lado by Guilherme de Melo

A porta ao ladoA porta ao lado by Guilherme de Melo
My rating: 3 of 5 stars

Marta apaixona-se pelo seu colega Gustavo, mas este é mobilizado para a Guerra Colonial em Moçambique. Os dois vivem intensamente um período curto de férias de Gustavo na Metrópole, e Marta engravida, mas decide abortar sem dizer nada ao namorado. Acontece o 25 de Abril, é negociada a paz com a Frelimo e Gustavo está de regresso depois de entregar o quartel às tropas do novo país. Nas picadas, em direção a Lourenço Marques, param a Chaimite para verter águas e Gustavo pisa uma mina e morre. Marta fica destroçada e arrependida por ter abortado! Dois anos depois, regressa à casa tradicional da família, em Castelo Branco, com um filho nos braços. Teima em chamar-lhe Gustavo, não quer dizer nada sobre o pai da criança, mas afirma que é como se fosse o filho do seu único amor. Gustavo (Guto para a mãe, para a avó e para a criada Mira) cresce no seio desta mentira, sem saber de nada, mas pressentindo algo...

Tal como em Ainda Havia Sol (1984), Guilherme de Melo utiliza uma estrutura com dois narradores (os dois personagens principais, Marta e Guto) discursando na primeira pessoa, em capítulos alternados. Tal como no romance de 1984, pelo número reduzido de personagens e pela simplicidade da estrutura narrativa (o próprio enredo é também um pouco previsível e por vezes pouco credível), esta obra assemelha-se mais a um conto grande do que a um romance. Mas ao contrário de Ainda Havia Sol, este romance parece ser mais coerente, mais uno, mais maduro (o romance de 1984 sugere experimentação literária), embora o final seja algo surpreendente, sobretudo para um autor homossexual: "(...) é falso que se não possa viver com a mentira. A questão não reside em ser, ou não, possível; a questão está em aprender, ou não, a viver com ela."

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