A Great Unrecorded History: A New Life of E. M. Forster by Wendy Moffat
My rating: 5 of 5 stars
Esta é a biografia "escondida" de E. M. Forster, em que a vida e a obra do grande autor são vistas (pela primeira vez?) à luz da sua homossexualidade. John Sutherland, na Literary Review, pergunta-se sobre esta biografia de Forster: «Será que quero mesmo saber isto tudo?» e prossegue: «Em minha opinião, este livro mancha a obra de Forster. Não podemos ficar gratos por isso. Mas Moffat (a autora da biografia) fez um trabalho detalhado, e esta é, de certa forma, uma "nova vida"». Uma nova vida que precisava ser contada, dizemos nós... e diz Forster, que deixou indicações detalhadas para evitar a destruição, após a sua morte, dos seus diários secretos, dos seus textos não publicados de caráter homossexual (o romance e vários contos), mencionando também que desejava que toda esta documentação pudesse ser consultado por quem o solicitasse.
Foi também o próprio Forster que nos indicou o quão central na sua vida e na sua escrita era a sua sexualidade: "Eu poderia ter sido um escritor mais famoso, se tivesse escrito mais, ou melhor, se tivesse publicado mais, mas a questão sexual impediu-me disso... [...] Aos 85 anos sinto-me tão irritado com a Sociedade por me ter obrigado a desperdiçar a vida ao condenar criminalmente a homossexualidade. Os subterfúgios, a auto-recriminação que poderia ter sido evitada."
E o trabalho de investigação de Moffat é fabuloso, a sua escrita é sempre rica mas fluente, o seu interesse no detalhe e a sua seleção de citações e apontamentos, de Forster ou dos seus amigos e correspondentes, é preciosa, como no pequeno poema de J.R Ackerley (que tocou fundo um Forster deprimido pela morte do seu amado Mohammed):
"Seeking my dead
Hearing him yet
Saying "Good-bye!"
Hearing his sigh,
Murmured so low,
"Ah, but I know...
You will forget."
ou nas citações de Forster sobre a sua filosofia de vida, como: "How does anything end? One should act as if things last", ou simplesmente, algumas pinceladas da sua escrita, como quando ele se deixa deslumbrar, numa praia deserta do Egito, aos 38 anos e ainda virgem, pela nudez de um egípcio: "I was bathing myself on the deserted beach and a man galloped up on a donkey, stripped, and tried to pull it into the water with him. The lines of a straining nude have always seemed academic to me up to now but hereafter I shall remember red light on them, and ripples like grey ostrich-feathers breaking on the sand."
Esta é, sem dúvida, uma obra monumental, excelentemente escrita e sumamente interessante, porque a vida de Forster o é.
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