Ao amigo que não me salvou a vida by Hervé Guibert
My rating: 4 of 5 stars
Hervé Guibert, jornalista e escritor francês, descobre-se infetado pelo vírus da SIDA na década de 1980, quando a doença mal havia sido identificada e era inapelavelmente mortal em poucos anos. Procuravam-se, desesperadamente, remédios e vacinas para a curar ou prevenir. Circulavam todo o tipo de rumores sobre infetados, novos medicamentos, formas de infeção, conspirações sobre as origens. O namorado de Guibert, e muitos dos seus amigos franceses e americanos, fazem o teste e descobrem que também estão infetados. O seu amigo e antigo amante Muzil (o famoso filósofo Michel Foucault) acaba por morrer precocemente, vítima do HIV, no meio de grande segredo. Hervé Guibert debate-se com pensamentos contraditórios, abençoa a doença, "uma genial invenção moderna", que lhe põe a morte no horizonte, obrigando-o a valorizar a vida. Mas também a amaldiçoa, e pensa em desistir ou mesmo suicidar-se. E escreve como sente, desordenadamente, sem tempo para explicar o que pensa, misturando tempos e lugares, mas mantendo uma lucidez e uma originalidade de pensamentos inesperados.
Guibert morreu em 1991, vítima de SIDA, aos 36 anos de idade. As últimas palavras do seu livro são: "A voragem do meu livro fecha-se sobre mim. Estou na merda. Até onde queres tu ver-me afundar? Enforca-te Bill! Os meus músculos derreteram. Reencontrei enfim as minhas pernas e os meus braços de criança."
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