Nó Cego by Carlos Vale Ferraz
My rating: 4 of 5 stars
Em Mueda, Moçambique, durante a guerra colonial, uma companhia de comandos rude, indisciplinada, mortífera, vê-se envolvida num emaranhado de operações mal preparadas pela burocracia militar instalada em Nampula, bem longe do perigo. Cada soldado, cada sargento, cada oficial da companhia, tem a sua história de vida. O cabo Cabral é "chico" porque precisa alimentar a família, o alferes Lino fugiu do seminário, o Brandão veio provar que um homossexual também é homem, o Lencastre fartou-se de ser menino-bem,... todos voluntários, todos comandos, todos na mata para matar o passado, mais que o inimigo. E é um capitão muito especial que une este grupo improvável, uma figura paterna forte que muitos deles nunca conheceram.
O contraste entre a tropa portuguesa e os guerrilheiros da Frelimo não poderia ser mais marcante: onde os primeiros se mostram amadores, medíocres, sem estratégia, ou pior, carreiristas e interesseiros, os segundos são apresentados como sagazes, matreiros, ideologicamente muito seguros. Mas as coisas não vão acabar bem... e a companhia acaba por se esboroar tal como acabaria por se desmoronar o "império colonial" português no decorrer de uma guerra inútil.
Um romance muito realista, muito bem conseguido, de quem viveu no terreno este tipo de experiências e sabe o que se sente e se sofre.
View all my reviews
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.