
My rating: 4 of 5 stars
Albert Londres, um jornalista francês (“o príncipe dos jornalistas”, como ficou conhecido), passa pela Índia nos meses de outubro e novembro de 1922. Em 10 capítulos (ou deveria dizer artigos?) faz-nos um retrato vivo e mordaz da Índia sob domínio inglês, quando os indianos já lutavam pela sua independência, que viriam a obter em 1947.
Interessado sobretudo nos aspetos políticos e sociais, Londres encontra-se com movimentos nacionalistas, tenta compreender Gandhi (não consegue!), Chittaranjan Das e Nehru, e visita Rabindranath Tagore, que Londres parece admirar e que também considera Gandhi um lunático (surpreendentemente para nós, habituados a ver Gandhi quase como um deus).
Apesar da sua curiosidade sobre o momento político, Londres não deixa, porém, de visitar Pondichérry, o principal estabelecimento “Índia francesa”. E este é o segundo ponto verdadeiramente interessante do livro, porque Londres consegue numa escrita ágil e imagética explicar-nos e comparar os colonialismos (palavra nossa) francês e inglês na Índia e no Sudeste Asiático. Deixo apenas um exemplo, para aguçar o apetite: “Samul era um Nativo. Quem nunca ouviu esta palavra, Nativo, da boca de um inglês, não faz a menor ideia da entoação de desprezo. Dir-se-ia que para o inglês existe em primeiro lugar o Inglês, depois o cavalo, depois o Branco em geral, em seguida as pulgas e os mosquitos e, finalmente, o Nativo ou indígena.”
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