Caminhos de Evasão by Graham Greene
My rating: 3 of 5 stars
Gosto de ler sobre autores e sobre livros, e quando é um autor que escreve sobre os seus livros, ainda para mais com a mestria com que Greene o faz, o prazer é ainda maior. Menos interessantes são as transcrições diarísticas dos tempos de Hanói e outros, que, de alguma forma, parecem deslocadas e incoerentes.
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quarta-feira, 17 de abril de 2019
quinta-feira, 7 de março de 2019
Journey Without Maps by Graham Greene
Journey Without Maps by Graham Greene
My rating: 3 of 5 stars
Graham Greene, então um jovem escritor, parte em 1935 da Serra Leoa (ao tempo, colónia britânica) para a Libéria independente, onde pretende viajar pelo interior, num percurso nunca antes tentado por ocidentais, para o qual nem sequer existiam ainda mapas. Contrata uma grande equipa de carregadores e guias para o levarem, a ele e uma corajosa prima, a sua única companhia "civilizada".
Os motivos da viagem não são claros, ou não são claramente explicados pelo autor, que trabalharia mais tarde para os Serviços Secretos britânicos. Greene menciona apenas o seu fascínio pela África tropical e pela Libéria, então o único país independente de África, com uma história curiosa, por ter sido formado por emigrantes negros norte-americanos que desejavam criar um país democrático, esclarecido e livre em África, inspirados nos ideais dos pais fundadores dos EUA.
Depois de um início de viagem em que tudo é novo e fascinante, tanto para o autor como para as populações indígenas, que não estão habituadas a ver homens de pele branca, rapidamente tudo se torna monótono para Greene: a mesma paisagem de floresta húmida, as mesmas aldeias de cabanas de lama cobertas de colmo, os mesmos chefes, os mesmos "diabos" (feiticeiros) dançarinos, o mesmo calor insuportável, as mesmas reclamações dos carregadores... Nas últimas etapas, a viagem torna-se mesmo dolorosa, com o fim que parece nunca mais chegar, a época da chuvas que chega e torna os caminhos num mar de lama e mesmo umas febres fortes que quase o derrubam.
A juventude do autor também não ajuda no que respeita à escrita, que não consegue transformar a monotonia da viagem numa leitura interessante. Anos mais tarde, um Greene já maduro, falaria da sua estratégia para este livro em Ways of Escape ("Caminhos de Evasão", em português), indicando que tinha optado por um ponto de vista estritamente pessoal, que manifestamente, parece não ter resultado muito bem.
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My rating: 3 of 5 stars
Graham Greene, então um jovem escritor, parte em 1935 da Serra Leoa (ao tempo, colónia britânica) para a Libéria independente, onde pretende viajar pelo interior, num percurso nunca antes tentado por ocidentais, para o qual nem sequer existiam ainda mapas. Contrata uma grande equipa de carregadores e guias para o levarem, a ele e uma corajosa prima, a sua única companhia "civilizada".
Os motivos da viagem não são claros, ou não são claramente explicados pelo autor, que trabalharia mais tarde para os Serviços Secretos britânicos. Greene menciona apenas o seu fascínio pela África tropical e pela Libéria, então o único país independente de África, com uma história curiosa, por ter sido formado por emigrantes negros norte-americanos que desejavam criar um país democrático, esclarecido e livre em África, inspirados nos ideais dos pais fundadores dos EUA.
Depois de um início de viagem em que tudo é novo e fascinante, tanto para o autor como para as populações indígenas, que não estão habituadas a ver homens de pele branca, rapidamente tudo se torna monótono para Greene: a mesma paisagem de floresta húmida, as mesmas aldeias de cabanas de lama cobertas de colmo, os mesmos chefes, os mesmos "diabos" (feiticeiros) dançarinos, o mesmo calor insuportável, as mesmas reclamações dos carregadores... Nas últimas etapas, a viagem torna-se mesmo dolorosa, com o fim que parece nunca mais chegar, a época da chuvas que chega e torna os caminhos num mar de lama e mesmo umas febres fortes que quase o derrubam.
A juventude do autor também não ajuda no que respeita à escrita, que não consegue transformar a monotonia da viagem numa leitura interessante. Anos mais tarde, um Greene já maduro, falaria da sua estratégia para este livro em Ways of Escape ("Caminhos de Evasão", em português), indicando que tinha optado por um ponto de vista estritamente pessoal, que manifestamente, parece não ter resultado muito bem.
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Uma Ideia da Índia by Alberto Moravia
Uma Ideia da Índia by Alberto Moravia
My rating: 3 of 5 stars
Na década de 1960, Alberto Moravia e Elsa Morante (a mulher de Moravia), acompanhados por Pier Paolo Pasolini, então um jovem desconhecido, fizeram uma viagem pela Índia. Da sua passagem pelo país surgiram dois livros, este por Moravia e outro de Pasolini (The Scent of India,"O Cheiro da Índia", tradução para português esgotada).
Os dois são livros interessantes, mas onde Moravia é racional, doutoral e frio, Pasolini é emocional, humano e caloroso. Pasolini escreve como quem filma. Observa, descreve, tenta compreender e extrapolar. O seu texto tem uma escala humana: segue uma família que se desloca no meio da multidão para fazer oferendas aos deuses do mar, fala com os rapazes que se aproximam a mendigar, fica fascinado com as cores, os cheiros e o calor das cremações de mortos em Benares, bem como com a passividade e resignação dos familiares. Moravia generaliza do alto da sua torre de marfim: sobre a pobreza humana, sobre o sistema de castas, sobre as religiões na Índia e o contraste entre hindus e muçulmanos, sobre o colonialismo britânico e Nehru (com quem se encontrou), sobre a monotonia da paisagem indiana. Não é na viagem que Moravia está interessado (nem uma vez fala dos seus companheiros de aventura), é a própria Índia que lhe interessa dissecar.
De certa forma, os dois livros completam-se e recomendo vivamente a sua leitura em conjunto (tal como fiz) ou sequencial, mas a escrita quente de Pasolini traça, em minha opinião, um melhor retrato da Índia.
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My rating: 3 of 5 stars
Na década de 1960, Alberto Moravia e Elsa Morante (a mulher de Moravia), acompanhados por Pier Paolo Pasolini, então um jovem desconhecido, fizeram uma viagem pela Índia. Da sua passagem pelo país surgiram dois livros, este por Moravia e outro de Pasolini (The Scent of India,"O Cheiro da Índia", tradução para português esgotada).
Os dois são livros interessantes, mas onde Moravia é racional, doutoral e frio, Pasolini é emocional, humano e caloroso. Pasolini escreve como quem filma. Observa, descreve, tenta compreender e extrapolar. O seu texto tem uma escala humana: segue uma família que se desloca no meio da multidão para fazer oferendas aos deuses do mar, fala com os rapazes que se aproximam a mendigar, fica fascinado com as cores, os cheiros e o calor das cremações de mortos em Benares, bem como com a passividade e resignação dos familiares. Moravia generaliza do alto da sua torre de marfim: sobre a pobreza humana, sobre o sistema de castas, sobre as religiões na Índia e o contraste entre hindus e muçulmanos, sobre o colonialismo britânico e Nehru (com quem se encontrou), sobre a monotonia da paisagem indiana. Não é na viagem que Moravia está interessado (nem uma vez fala dos seus companheiros de aventura), é a própria Índia que lhe interessa dissecar.
De certa forma, os dois livros completam-se e recomendo vivamente a sua leitura em conjunto (tal como fiz) ou sequencial, mas a escrita quente de Pasolini traça, em minha opinião, um melhor retrato da Índia.
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The Scent of India by Pier Paolo Pasolini
The Scent of India by Pier Paolo Pasolini
My rating: 4 of 5 stars
Na década de 1960, Alberto Moravia e Elsa Morante (a mulher de Moravia), acompanhados por Pier Paolo Pasolini, então um jovem desconhecido, fizeram uma viagem pela Índia. Da sua passagem pelo país surgiram dois livros, um por Moravia (Uma Ideia da Índia) e este ("O Cheiro da Índia", tradução para português esgotada).
Os dois são livros interessantes, mas onde Moravia é racional, doutoral e frio, Pasolini é emocional, humano e caloroso. Pasolini escreve como quem filma. Observa, descreve, tenta compreender e extrapolar. O seu texto tem uma escala humana: segue uma família que se desloca no meio da multidão para fazer oferendas aos deuses do mar, fala com os rapazes que se aproximam a mendigar, fica fascinado com as cores, os cheiros e o calor das cremações de mortos em Benares, bem como com a passividade e resignação dos familiares. Moravia generaliza do alto da sua torre de marfim: sobre a pobreza humana, sobre o sistema de castas, sobre as religiões na Índia e o contraste entre hindus e muçulmanos, sobre o colonialismo britânico e Nehru (com quem se encontrou), sobre a monotonia da paisagem indiana. Não é na viagem que Moravia está interessado (nem uma vez fala dos seus companheiros de aventura), é a própria Índia que lhe interessa dissecar.
De certa forma, os dois livros completam-se e recomendo vivamente a sua leitura em conjunto (tal como fiz) ou sequencial, mas a escrita quente de Pasolini traça, em minha opinião, um melhor retrato da Índia.
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My rating: 4 of 5 stars
Na década de 1960, Alberto Moravia e Elsa Morante (a mulher de Moravia), acompanhados por Pier Paolo Pasolini, então um jovem desconhecido, fizeram uma viagem pela Índia. Da sua passagem pelo país surgiram dois livros, um por Moravia (Uma Ideia da Índia) e este ("O Cheiro da Índia", tradução para português esgotada).
Os dois são livros interessantes, mas onde Moravia é racional, doutoral e frio, Pasolini é emocional, humano e caloroso. Pasolini escreve como quem filma. Observa, descreve, tenta compreender e extrapolar. O seu texto tem uma escala humana: segue uma família que se desloca no meio da multidão para fazer oferendas aos deuses do mar, fala com os rapazes que se aproximam a mendigar, fica fascinado com as cores, os cheiros e o calor das cremações de mortos em Benares, bem como com a passividade e resignação dos familiares. Moravia generaliza do alto da sua torre de marfim: sobre a pobreza humana, sobre o sistema de castas, sobre as religiões na Índia e o contraste entre hindus e muçulmanos, sobre o colonialismo britânico e Nehru (com quem se encontrou), sobre a monotonia da paisagem indiana. Não é na viagem que Moravia está interessado (nem uma vez fala dos seus companheiros de aventura), é a própria Índia que lhe interessa dissecar.
De certa forma, os dois livros completam-se e recomendo vivamente a sua leitura em conjunto (tal como fiz) ou sequencial, mas a escrita quente de Pasolini traça, em minha opinião, um melhor retrato da Índia.
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Júlio de Melo Fogaça Júlio de Melo Fogaça by Adelino Cunha
Júlio de Melo Fogaça by Adelino Cunha
My rating: 2 of 5 stars
Júlio Fogaça, filho de uma família rural abastada, chegou a ser durante alguns anos um dos principais dirigentes do Partido Comunista Português na clandestinidade, no período da ditadura de Salazar. Esteve preso várias vezes, tendo sido desterrado para o Tarrafal. A sua vida política terminou quando foi preso pela PIDE (a polícia política) uma última vez, em 1960, na Nazaré, onde se tinha deslocado com o seu namorado.
A tarefa de escrever a biografia de um dirigente homossexual do PCP na clandestinidade não pode ser fácil. E a vida de Júlio Fogaça foi atribulada, cruzando a história de um partido revolucionário em tempos de ditadura, quase desde a sua fundação, passando pelo pós-guerra de onde a União Soviética saiu triunfante, até à revolução de abril e à democracia. As raízes de Fogaça na burguesia rural, a sua prisão na colónia penal do Tarrafal, que foi "inaugurar", a sua ascensão e queda como dirigente do partido, aparentemente em confronto com Álvaro Cunhal, a questão da sua homossexualidade, não aceite na sociedade portuguesa à época e, talvez, também no interior do PCP, tudo fazem com que uma biografia de Fogaça possa transformar-se num livro interessantíssimo.
Mas neste livro há tantas incoerências, tantas interrogações, quando procuramos respostas, tanta especulação misturada com factos, tanta prosa e figuras de estilo desconcertantes, tanta repetição do que já estava dito, que acabamos frustrados com a leitura e com mais dúvidas do que certezas. É, infelizmente, uma oportunidade perdida de contar a vida de um homem corajoso e marcante.
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My rating: 2 of 5 stars
Júlio Fogaça, filho de uma família rural abastada, chegou a ser durante alguns anos um dos principais dirigentes do Partido Comunista Português na clandestinidade, no período da ditadura de Salazar. Esteve preso várias vezes, tendo sido desterrado para o Tarrafal. A sua vida política terminou quando foi preso pela PIDE (a polícia política) uma última vez, em 1960, na Nazaré, onde se tinha deslocado com o seu namorado.
A tarefa de escrever a biografia de um dirigente homossexual do PCP na clandestinidade não pode ser fácil. E a vida de Júlio Fogaça foi atribulada, cruzando a história de um partido revolucionário em tempos de ditadura, quase desde a sua fundação, passando pelo pós-guerra de onde a União Soviética saiu triunfante, até à revolução de abril e à democracia. As raízes de Fogaça na burguesia rural, a sua prisão na colónia penal do Tarrafal, que foi "inaugurar", a sua ascensão e queda como dirigente do partido, aparentemente em confronto com Álvaro Cunhal, a questão da sua homossexualidade, não aceite na sociedade portuguesa à época e, talvez, também no interior do PCP, tudo fazem com que uma biografia de Fogaça possa transformar-se num livro interessantíssimo.
Mas neste livro há tantas incoerências, tantas interrogações, quando procuramos respostas, tanta especulação misturada com factos, tanta prosa e figuras de estilo desconcertantes, tanta repetição do que já estava dito, que acabamos frustrados com a leitura e com mais dúvidas do que certezas. É, infelizmente, uma oportunidade perdida de contar a vida de um homem corajoso e marcante.
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